segunda-feira, 19 de maio de 2014

Livro publicado na EDITORA MULTIFOCO ISBN: 978-85-8273-631-9





TRIBUNAL DIGITAL



DE



JUSTIÇA PÚBLICA INTERATIVA



- ENCICLOPÉDIA TEATRAL –


Arte poética sobre as sugestões do conjunto das definições.
Inscrito para o público em geral de artes,
graciosamente,

José Paulo da Silva Ferreira



A prática do TRIBUNAL DIGITAL



            Sobre a atualização da humanização.
            Fosse somente por tratar-se de um instrumental ainda não usual, não institucionalizado na prática cotidiana da tecnologia digital passível de comercialização assim mesmo mereceria a atenção e investimento este projeto amplo, geral e irrestrito denominado Tribunal Digital.
            Por que o tribunal acessa o futuro.
            O que é a prática deste Tribunal? ? Justiça pública interativa; o voto público via computador; a participação direta do usuário apto em julgamentos de interesse social-jurídico. Ainda diz pouco ?
            A história só faz sentido para a maioria.
            Hoje há o sistema representativo no Tribunal do Júri, a sociedade disponibiliza 7 sete jurados, dentre os cidadãos idôneos e discernidos para votar a liberdade ou a condenação do réu – a população pode acompanhar, ouvinte sem votar, nas salas de audiência; um advogado de defesa, um promotor, o juiz; e a consciência da verdade, a justiça. Isto erigido em nome de ser prático, não precisando convidar toda a cidade para todo e qualquer julgamento tornando a justiça dispendiosa e perturbadora.
            Perturbadora e dispendiosa é a instalação de um Tribunal Digital a cada 5 cinco mil municípios do país !
            Prolifera a tecnologia de segurança.
            Habituamo-nos ao que se tornou irreversível no âmbito da vida social; hoje, ninguém, honestamente, reclama das câmeras de tv, dos walkmans, dos celulares nos orelhões públicos e facilitam o movimento íntegro de mercadorias e dinheiro.
            A rua é arquitetada conforme o shopping e a informática.
            É fato sociológico haver diminuído a população frequentadora de estádios de futebol, shows ao ar livre, as atividades públicas de praxe antiga tiveram de obter adaptação à atualidade tecnológica de telões e trios elétricos porque as pessoas estão em casa em saudáveis e tranquilos computadores com internet, impressora e scanners, televisões imensas e de imagens precisas, home theathers e uma diversidade voraz de veículos comunicantes a todas as distâncias, tanto que hoje é preciso repensar e replanejar a segurança e o uso das ruas que tendem a ser arquitetadas presentemente ao estilo do shopping center já citado.
            - fica determinado que o sétimo voto é interativo
            - estabelece a normatização da justiça pública interativa obtendo no resultado a segurança e a consciência do bem estar social através da justiça pública, coletiva, interativa
            - disponibilização de equipamentos internáuticos comunitários, salas de análise dos casos judiciais inerentes à correta votação da liberdade e condenação.
            Os três itens destacados acima por hífen, escritos em linguagem jurídica, resumem e corroboram o ensaio sobre o voto, a consciência e o equipamento obrigatórios no texto legal e no texto constitucional para a explicitude da coerência da necessidade. Artigos e parágrafos recebem o comentário da inteligência, da vida humana, social.


Tribunal Digital

            Observo a cena na TV e neste instante um cidadão de terno completo presta juramento para iniciar depoimento.
            – Juro dizer a verdade e somente a verdade... – Prossegue.
            Ele põe uma mão sobre o peito e a outra sobre um pequeno objeto quadrado sobre a mesa e este, pelo que concluímos desta praxe solene, tem de ser uma Bíblia Computer Science. Ficou fácil, defesa ou acusação podem recorrer ao computador e obter versículo e capítulo on line para ilustrar a sua oratória.
            Não são todos os julgamentos feitos ao vivo, pois o dia seria curto para tantas provas, votações e sentenças, porém os que são feitos têm efeito oficial. Dá-se prioridade aos considerados crimes contra a pátria, o Estado, a sociedade. Nestas ocasiões, atualmente, amiúde, todos os eleitores são convidados a enviar o seu voto, algum documento referente ao caso e anunciar objeto documental de seu próprio terminal eletrônico pelo site www.gov.br e, deste modo, as elucidações e os processos tornam-se melhores instruídos, agiliza-se a justiça, pois não se pode enganar a todos toda hora.
            O meu voto já escolhi e está declarado; eu condeno os que condenaram a nação; entretanto é preciso ressalvar que o meu país foi julgado uma vez e como veredicto nos deram políticos falsos e ainda não se inaugurou o geral crédito e a felicidade planetária.
                Neste período a interatividade restaurou o tribunal ateniense. Neste julgamento pré-selecionado, as sessões são todas filmadas, as falas do corpo de júri, da promotoria, da defesa, do juiz, do réu, das testemunhas, da vítima quando há; são lidos todos os documentos no vídeo, são apresentadas as provas existentes, os resultados periciais e certamente, linkados os documentos integralmente; todo este material é disponibilizado aos cidadãos votantes antecipadamente à votação; os votantes interativos certamente não são parentes, amigos, colegas de trabalho, vizinhos; são selecionados em listagem prévia e idônea; antes do período de voto examinam toda a literatura e discursos e cenas do processo individualmente e em grupos em salas destinadas a este uso; o objetivo é a prevenção criminal e a socialização do conhecimento constitucional.

















Da Atualidade em Diante

        Encontrei-o novamente, a linha reta da boca fechada, olhos aparentemente tristes, rosto aparentemente estático, magro, quieto, aparentemente quieto. Mas, sei-o, pertence à turma dos inquietos, e procura e dispõe de si para encontrar saída nas coisas não resolvidas apesar do normal. E está ali à minha frente e desta vez apresenta estudos sobre personagens e forma. Diz que há de apresentar sempre o personagem, mas o que dirá sem a forma? E disse que se posicionou na passagem do mundo virtual para o usual; posiciona ponte ou teoria atual.
            Sabe o que tem no bolso e há até um lenço de papel com o qual limpou a marca de um batom. Quando o sol desceu no horizonte, no entardecer, jogamos cada um uma pedra dentro da água do rio para ver ondinhas da água se movendo e se ampliando uniformemente e ele disse “o objetivo principal da linguagem é a expressão”; ao que retornei “cá entre nós, o personagem principal do conto é o conto”, inclusive porque não sabemos ainda quanto tempo viajará ou existirá tecnologicamente, enquanto forma pré-discurso ou comunicação artificial computada até renovar-se som e signo”. Pausei. “Ou será que para as máquinas também as histórias não serão um modo de procurar na atualidade a permanência?”. “Mas eu posso pensar e viver a existência socialmente controlada”, devolveu. Depois de outra pausa eu disse devagar: “A literatura não pode deixar de ser a primeira forma do inédito lugar comum.”


































Som holográfico

A luz laser
que se acende
na sala de visita
é, em cartaz,
a nossa música
bonita
agora é fácil
eu pego na mão
da imagem
que pode ritmar-se
até com a minha
respiração
e eu canto
e o prazer
que me dá
anima e sara
a saudade
que eu sinto
de amar
de amar
sonho
que eu posso
dormir e acordar
deitar e rolar
 o meu amor adora
o que me faz feliz
























INTERPOEMA

O dia que lambe a noite
o vento que lambe a chuva,
o sol que lambe a luz:

como observamos o
aeroporto, aviões e
passageiros
de onde chegam e de
onde saem
e até mais do que
no aeroporto
todos os poemas
convergidos
na formação
do novo modernismo virtual:

a esperança do poema
é de que um dia
a cidade viva igual
a poesia:

a noite traga o dia,
a chuva traga o vento,
a luz traga o sol.


























O poeta incita a musa

Anotando
esta forma que todas as formas
vão querer ser,

no dia super claro azul

o poeta incita a musa
filosofando sobre o suprimento
nesta poesia
da coleção das expressões futuras:

orai, então, mais
que bela musa
pela solução de todos os impasses,
pela desenvoltura
para que o mundo hoje
saiba o que foi feito
contra os obstáculos
outrora irremovíveis,
pela desobstrução
da felicidade.

















                               O tempo e o poema
                               À margem do lago
encontro o pintor.
Ele me olha
e algo ascende
ao seu olhar.
Vez em quando
uma brisa localizada
remexe um tufo de capim
ou uma parte
da face do lago.
Ponho-me a querer
descobrir
o que o movimento puro
da brisa
tem a ver com os
gestos criadores
do pintor.
De mim, ele retira
uma imagem
aproximadamente
atual.
Mas se ele move a mão e grava
a tela branca
após ter me visto
quer dizer que
no momento do traço
eu, original, estou no passado.
Então, se o chão
se abrir e eu sumir
        neste instante
isto em nada afetará
a imagem que se compõe.
Penso que não devo admirar
e obter uma arte
que não me contempla
o presente,
a vida que me pulsa.
E a que eu desejo.
A brisa
numa lufada leve
revira, na margem
do lago, folhas de capim.
O pintor,
enxuta a tela,
guarda-a.
– Não era para mim?
Indago.
– No futuro, talvez.
Ele responde.












Composição ao Ar Livre

            O que é que ele move no ar? Uma mão e outra mão como se polissem um espelho, outra e uma mão catando alguma partícula no ar. Não é um delírio qualquer, eu já sei, pois há propósito e graça. Estivesse de costas eu diria que pratica algum exercício marcial, ginástico, talvez; ou antes ensaiasse regência. Mas os seus gestos têm uma missão peculiar, apropriam-se de detalhes soltos no espaço e os reúne ordenadamente numa página também imaginária. Vi em algum lugar mímicos trabalharem assim criando um personagem que lhe convém ou imitando mentalmente alguém, porém este, não. Este tem um propósito e um êxito, e uma sequência e uma realização: ele retira letras, palavras e frases de onde outros nada vêem e compõe o seu poema lúdico e sonoro na tela translúcida da imaginação.









































A parábola indissolúvel da palavra

Versos unidos exatos
belos como a inexplicação
do indivisível:
o curso inexistente sobre o eterno,
o discurso intransmissível sobre a perfeição.













































TEMPO DE PAZ

Após batalhas da guerra
palestinos e israelenses
alguém silenciosamente
recolhe os mortos.

























 

 

 

 

INTELIGÊNCIA VIRTUAL


Pense, não pense.
Mas, o que significa isto?
O vídeo invisível tornou-se
bolha transparente e trama a partir
daí todos os movimentos conhecidos:
capta, empurra, embrião,
expansão, regressão,
vertical, parafuso,
duplo mortal,
performance olímpica,
situação banal,
horizontal,
tornou-se um fio no espaço,
cresceu universal
e sobre o tempo
dançou
ao som do espírito
sobre as águas,
onipotente,
onipresente,
todo mundo ficou boquiaberto,
mas não houve susto
porque todos
sem aviso prévio
conheceram imediatamente
que apresentava-se
a inteligência viva liberta.























                               O BELO MOTIVO

Quem não quer
cansar da paisagem
há o belo motivo
de que o que existe
é um só poema
de qualquer tamanho,
seja de que tempo,
todas as páginas,
um só bilhete,
assim como cansa
da paixão
o primeiro amor,
e do rosto amado
os olhos tolos
porque procuram
no além este signo
que a imaginação

não tem.




Tribunal Digital de Justiça Pública Interativa - Enciclopédia Teatral
FERREIRA, José Paulo da Silva
1ª Edição
Abril de 2014
ISBN: 978-85-8273-631-9

R$ 50,00 cinquenta reais




 INFOTURISTA


Eu faço o verso eterno
numa moldura moderna
como a luz das quatro luas

eu o dou de presente
a mais bela da avenida
e ela sorri simpaticamente

ao meu poema turista
que finalmente fez a fotografia
completa do arco íris

no modo mesmo do carinho
noite de lua cheia
para quem sabe o amor

eu trago o canto contente
da informática do futuro
olho que vê no escuro.


O OLHO INFINITO
Naquele tempo ninguém conhecia a câmera oculta. Os povos e os seus ideários convergiam e divergiam indiferentes à geração do modo de vida. Um dia, após conviver e comemorar milênios com a cidade, o seu melhor invento, notaram haver algo além das paredes e tetos de proteção física saudável. O indivíduo e a convivência social aparentemente reproduzia um álbum de fotografias. Esta sensação à época não comprovada inaugurou o ambiente superurbano. Todos queriam imitar e substituir o olho da verdade. A cidade inventou a correspondência virtual permanente para induzir o veredito inescapável do olho a ser ele mesmo o composto da vida eterna. Fizeram-se câmeras, luminárias, neon, laser para disfarçar a busca incansável do olho infalível, faróis, holofotes, microscópios, telescópios de diversos tamanhos e alcance, prédios e obras de arte de vidro, sinalizadores, infravermelho de ver no escuro e um acelerador de partículas nucleares de vinte e sete quilômetros de extensão. O olho existe em algum lugar não terra, nem lua, não sol, observa impassível tudo e todos os detalhes. A raça humana passa por seu interior a caminho do próximo bilionésimo de segundo e é dado a cada um conforme o destino inscrito no seu passado imediato. O olho não brilha, não muda de cor, é um cristal inédito que não se quebra ou canta, captura as imagens completas dos corpos vivos lendo alma, pensamento e inconsciente com ossos, cabelos, unhas, sangue circulante e todas as subpartículas da paisagem.

José Paulo da Silva Ferreira
Avenida Ferreira de Novais, 1031
Pão de açúcar, Alagoas, Brasil
CEP: 57 400-000
Telefone: 82 3624 1311
E-mail: josepaulodasilvaferreira@gmail.com
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